segunda-feira, 9 de março de 2009

VEREADORES DEVEM SER REMUNERADOS?

Deu no Da Silva:

Fomos indagados por esse jornal sobre a remuneração ou não de um vereador!
Cabem aqui, dois pontos a serem analisados, para os quais, muitos vereadores não atentam:
1 - trabalho de um vereador tem como principio a representatividade de uma comunidade da qual o mesmo se torna o seu porta voz e, portanto, entende-se por isso que o seu trabalho seja um trabalho voluntário e sem remuneração.
2 - Seu compromisso primordial é com sua comunidade e não com seu partido!
Se algum vereador entende que esse cargo atrapalha o seu desempenho na sua vida profissional e pessoal, deverá então abrir mão dessa representatividade e se dedicar à sua profissão e não, exigir que um trabalho voluntário se torne um trabalho remunerado!
Essa é uma grande distorção cometida ao longo dos anos.
Na europa e nos EUA, o trabalho voluntário é uma prática extremamente comum, como foi aqui no passado, nas Câmaras Municipais dos anos 60 e 70 onde pessoas como o Dr. João Batista Ribeiro de Lima, Dr. Lauro Restiffe, o Prof. Marcio Jose Lauria, dedicavam parte de seu tempo à comunidade, quando eleitos, participando do corpo de vereadores da cidade.
Ainda sobre ser voluntário, recebi em minha residência uma estudante alemã que esse ano, após concluir o curso colegial, prestará serviço comunitário em sua cidade, trabalhando em um Hospital Psiquiátrico durante 8 horas por dia durante todo ano de 2009. Essa é uma forma de retribuir à sociedade alemã os gastos do governo com sua formação. Somente após um ano, ela irá prosseguir com seus estudos, já no nível Universitário. Impressionante que eles não vêem nisso um empecilho, mas uma forma justa de melhorar a sua sociedade que tanto as ajudou, fazendo desse trabalho comunitário um motivo de orgulho em suas vidas!
Prestamos serviços voluntários durante dois anos na ACI, eleitos que fomos para tal entidade, com jornada diária de 1 hora e reuniões semanais sem que recebêssemos por isso. Alguns colegas que não dispunham desse tempo acabaram se afastando, mas jamais solicitaram uma remuneração em troca de ficarem no cargo. A mesma coisa aconteceu em um Clube da cidade ao qual nos dedicamos durante um ano. Se não pudéssemos, não o faríamos, mas jamais discutiríamos sobre remuneração, pois isso foge totalmente aos princípios das entidades em questão.
Existem pessoas querendo prestar serviço à comunidade e sem remuneração, mas o que os impede, os desanima é a corrente prática eleitoral de nosso país, totalmente distorcida e viciada como, por exemplo, o voto obrigatório, que aumenta e muito o eleitorado que vota segundo seus interesses e não os interesses da comunidade.
Por que isso mudou?
Vereadores se perpetuam e se aposentam. Por quê? Simples.
Vereadores elegem prefeitos, vereadores e prefeitos elegem deputados estaduais, os últimos elegem deputados federais e senadores e o que deveria ser voluntário se torna uma política partidária viciada, recheada de interesses que nada tem a ver com o verdadeiro trabalho comunitário.
Todo político que se perpetua no cargo, tem na sua vaidade uma das piores deficiências do ser humano, e num livro de um grande humanista “Deficiências e Propensões do Ser Humano” temos uma perfeita definição desta grande distorção no comportamento humano: “... A vaidade se resume na jactância, que se revela não só na palavra, mas também na atitude e na expressão. É uma névoa psicológica que obscurece a mente, impedindo de ver e sentir honestamente a justa medida do próprio conceito. Quem vive cegado por esta falha não concebe para si a modéstia, antípoda da vaidade, mas lhe agrada, isso sim, que os demais sejam modestos e, ademais, estejam dispostos a suportar sua vanglória.”
(Definição de jactância = bazófia, ostentação, vanglória, arrogância, atitude presunçosa).
O trabalho de um vereador deve ser voluntário e jamais permanente.
Essa é uma forma de melhorarmos nossa comunidade, com experiências trazidas por diversos membros da mesma para assim se fortalecer. Perpetuar-se no cargo e exigir remuneração dele, é fazer do trabalho voluntário, tão nobre em seu conceito, um fim menor que não aquele que o próprio nome já diz.


Armando Favoretto Junior - é rio-pardense e empresário

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