Por Luís Nassif:
Desculpem a demora em entrar no tema. Hoje foi dia de reunião no colégio das menininhas e depois saí para encontrar velhos amigos. Acompanhei o Blog pelo celular, mas só para liberar comentários.
Fatos do dia:
1.Durante a semana, matérias falando da saída do Nélio Machado, que ficou sentidíssimo com o rompimento com o Dantas. E esta matéria agora, na Folha, dizendo que Dantas é monástico e vegetariano e que seu novo advogado quer vencer provando sua inocência e não descaracterizando a investigação. Como diriam as menininhas: hanhan.
2.Como prenúncio da jogada, as notinhas no Lauro Jardim sobre Luiz Gushiken e os fundos de pensão. Escrevi aqui que, óbvia como era, Veja estava aprontando algo. Difícil de adivinhar….
3.Aí sai essa matéria com o tal relatório da Polícia Federal sobre supostas escutas de Protógenes em cima de Lula, Dilma e ministros. Protógenes negou peremptoriamente ao Paulo Henrique que o material fosse verdadeiro. Se falso, houve armação de um dos dois ou de ambos: o corregedor da Polícia Federal e os setoristas de submundo da Veja. Se verdadeiro, Protógenes se enrola, mas o vazamento comprova o conluio do corregedor com o órgão mais diretamente comprometido com Daniel Dantas. O delegado geral Luiz Fernando que conte a outro essa história de profissionalização da PF.
4.Na mesma edição, matéria dizendo que Jarbas Vasconcellos foi vítima de… grampo. Inacreditável!
5. Como o monástico Dantas agora só quer vencer pela força dos argumentos, é evidente que ele não tem nada a ver com a dupla Folha-Veja. Ele está regenerado, monástico.
6.Junto com as matérias da revista, com a sutileza de um boimate passeando pela avenida Paulista, a Carta ao Leitor com a explicitação da jogada (parece até estuprador anunciando em classificados):
“Advertido sobre a gravidade das provas ali contidas, no entanto, do Rio de Janeiro o deputado Marcelo Itagiba, do PMDB, presidente da comissão, prometeu exigir a prorrogação dos trabalhos de investigação da CPI. Não seria a primeira vez que isso ocorreria. A prorrogação, se vier desta vez, prestará um grande serviço ao país, pois são de estarrecer as provas do descontrole a que chegou a operação de espionagem clandestina promovida pelo delegado Protógenes”.
E, para encerrar com chave de ouro, a auto-celebração do bom jornalismo praticado pela revista, a mesma que está envolvida em um provável ato criminoso de falsificação de grampos:
“Esse é o papel do jornalismo, garantir que os cidadãos saibam o que se faz em seu nome e com seu dinheiro, ser os olhos e os ouvidos da nação e, como resultado disso, um dos esteios da democracia“.
O que é de estarrecer (para usar um adjetivo caro aos seus diretores) não é nem a falta de escrúpulos. É o completo amadorismo dessas armações feitas em plena luz do dia, com o país inteiro assistindo. Nem uma pessoa de vida monástica como Dantas poderia acreditar que seria tão fácil envolver uma revista no seu próprio suicídio editorial.
Luis Nassif
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